Ansiedade e alta performance: por que estamos tão exaustos?
- Laura Helena Martins
- 27 de mai.
- 3 min de leitura
Atualizado: 29 de jul.
Ansiedade em um mundo de alta performance: o corpo cansado e a mente acelerada
Você sente que está sempre tentando alcançar algo? Que nunca é o bastante, mesmo quando entrega tudo? Esse cansaço não é só físico — ele é mental, emocional, silencioso. E ele tem um nome: ansiedade em um mundo de alta performance.
Vivemos em uma cultura que valoriza produtividade, eficiência e desempenho o tempo todo. A lógica é: quem para, perde. Mas o que acontece quando isso começa a nos consumir por dentro? Quando o dia termina e, ainda assim, sentimos que não fizemos o suficiente?
Neste texto, quero conversar com você sobre essa pressão constante. Vamos olhar para esse cenário com a ajuda de dois pensadores contemporâneos — Zygmunt Bauman e Byung-Chul Han — e refletir sobre como a psicoterapia pode ser um espaço seguro para desacelerar por dentro.
Ansiedade e alta performance: quando a exigência vira sofrimento
Você acorda cansado, mas já começa o dia com uma lista de metas. Durante o trabalho, sente que precisa render o tempo todo. E mesmo nos momentos de descanso, está com a cabeça ligada no que precisa ser feito depois.
Essa lógica da autoexigência cria um ciclo exaustivo:
Você se cobra para produzir mais;
Sente culpa quando não consegue;
E ansiedade quando pensa em tudo que ainda falta fazer.
Zygmunt Bauman, sociólogo polonês, chamou atenção para a liquidez da vida moderna — nada é sólido, tudo muda rápido demais. Relações, trabalhos, metas. Nesse contexto, estamos sempre nos adaptando, sempre tentando nos manter “relevantes”.
A ansiedade, então, não é apenas um sintoma pessoal. Ela é o efeito de um mundo que exige de nós muito mais do que podemos dar continuamente.
Byung-Chul Han e a sociedade do cansaço: quando a liberdade vira cobrança
O filósofo sul-coreano Byung-Chul Han diz que vivemos na sociedade do desempenho. Segundo ele, não há mais um patrão nos cobrando — nós mesmos nos tornamos nosso próprio vigilante. Somos ao mesmo tempo o trabalhador e o fiscal da nossa produtividade.
Essa autoexploração é silenciosa, mas devastadora. A liberdade de “ser tudo o que você quiser” vira pressão para ser tudo, sempre. E isso gera culpa, comparação, ansiedade e solidão.
Parece familiar?
O preço invisível da performance: você está se escutando?
Você já parou para se perguntar:
Por que estou me cobrando tanto?
Quem definiu o que é “dar conta”?
O que eu preciso agora — reconhecimento ou descanso?
A lógica da produtividade nos ensina a olhar para o que falta. A psicoterapia, por outro lado, ensina a olhar para o que sobra de você quando você para. E muitas vezes, o que sobra é alguém cansado, querendo apenas respirar em paz.
Psicoterapia: um espaço para desacelerar por dentro
A terapia não vai pedir metas, nem exigir resultados. Ela vai oferecer um espaço onde você pode existir sem precisar se justificar.
Com o tempo, a psicoterapia pode te ajudar a:
Reduzir a ansiedade relacionada ao desempenho;
Identificar padrões de autocrítica e cobrança;
Recuperar o prazer em simplesmente ser, sem produzir;
Reaprender a descansar sem culpa.
Você não precisa continuar nesse ritmo para se sentir válido
Você não precisa conquistar tudo o tempo todo para merecer respeito, amor ou descanso. A sua existência já é valiosa. E se você está sentindo que não dá mais para seguir assim, talvez seja o momento de começar a se cuidar de um jeito diferente.
A terapia pode ser esse recomeço: um espaço para silenciar o barulho da performance e ouvir a sua própria voz — aquela que pede calma, presença e um pouco de acolhimento.