Crise existencial: será que é isso que estou vivendo?
- Laura Helena Martins
- 11 de jun.
- 3 min de leitura
Atualizado: 31 de jul.
Será que estou passando por uma crise existencial?
Talvez você esteja vivendo os seus dias no automático, sentindo que nada faz muito sentido. Ou percebe que coisas que antes te motivavam agora parecem vazias. Pode ser que você esteja se perguntando: “Quem sou eu?”, “O que estou fazendo com a minha vida?” ou “Era para ser assim?”.
Essas perguntas, incômodas e profundas, costumam surgir em momentos de transição, frustração ou silêncio interno. E quando elas aparecem, é comum sentirmos confusão, tristeza ou até mesmo angústia. Mas será que isso é uma crise existencial?
Neste texto, vamos refletir juntos — sem respostas prontas. Vamos pensar a partir do filósofo Søren Kierkegaard, que escreveu sobre a angústia de ser quem se é, e entender como a psicoterapia pode oferecer um espaço para elaborar esse tipo de vivência com mais presença e coragem.
Crise existencial: quando tudo parece perder o sentido
Às vezes, a vida continua “normal” por fora, mas por dentro algo parece desajustado. Você sente uma distância entre quem é e quem gostaria de ser, ou uma sensação estranha de vazio, mesmo tendo tudo “em ordem”.
Isso pode acontecer:
Depois de uma perda importante ou decepção;
Em transições como mudanças de carreira, término de relacionamento ou vida adulta;
Quando você percebe que está vivendo para expectativas externas e não para si.
A crise existencial não é um "problema" a ser resolvido rapidamente — é um chamado para olhar mais de perto para si mesmo. E isso pode ser assustador, sim, mas também profundamente transformador.

Kierkegaard e a angústia de existir: o desconforto como parte da jornada
Søren Kierkegaard, filósofo dinamarquês do século XIX, dizia que o ser humano vive em constante tensão entre o que é e o que pode vir a ser. Para ele, a angústia não é uma falha, mas uma parte natural da liberdade humana — um sinal de que podemos escolher, mudar, transformar.
Quando nos deparamos com a possibilidade de sermos quem somos de verdade, sentimos medo. Essa é a angústia existencial. E segundo Kierkegaard, fugir dessa angústia é viver de maneira inautêntica — desconectada da própria essência.
Ou seja, essa dor que você sente agora pode estar sinalizando que algo dentro de você quer emergir. A crise, nesse olhar, pode ser o começo de um reencontro.
E se essa crise for um convite?
Você pode se perguntar:
O que eu vinha tentando sustentar e não faz mais sentido?
Qual parte de mim está tentando ser escutada?
Do que eu estou tentando fugir?
Que perguntas eu evito porque não sei se darei conta das respostas?
A crise existencial não é uma interrupção da vida — ela é a própria vida chamando você para dentro. Para repensar. Para recomeçar.
Psicoterapia: um espaço para pensar sem pressa e sentir com apoio
A psicoterapia não oferece respostas prontas para o que você está sentindo. Mas oferece uma escuta profunda e segura, onde você pode se expressar sem precisar se encaixar ou se apressar.
Nesse processo, você pode:
Explorar o que essa crise está tentando revelar;
Acolher suas perguntas sem se pressionar a responder tudo de uma vez;
Reconstruir sentidos a partir da sua verdade, e não da expectativa dos outros;
Descobrir caminhos mais alinhados com o que importa para você.
Você não precisa ter certeza para começar
Se você se sente perdido, sem respostas, talvez seja justamente aí que começa algo novo. Kierkegaard dizia que a angústia é o “descompasso da liberdade” — ou seja, o desconforto de poder escolher quem se quer ser.
Talvez você não saiba exatamente o que está vivendo. Mas se sente que algo dentro de você pede escuta, isso já é um começo. A terapia pode ser esse lugar de travessia: onde a dúvida vira caminho, e o vazio ganha espaço para ser compreendido.