Viver com ansiedade
- Laura Helena Martins
- 8 de set. de 2024
- 2 min de leitura
Atualizado: 12 de jan.
De repente surge aquela sensação estranha na boca do estômago, acompanhada por uma inquietação, palpitação, tensão muscular, tontura, tremor. Os pensamentos não param um segundo, e fica difícil de sair desse turbilhão chamado ansiedade. Já se viu em uma situação como essa? Nesse post irei escrever sobre essa manifestação comportamental que interfere na vida de muitos brasileiros. Talvez você seja um deles, e vive a ansiedade intensamente na mesma medida que vive um descompasso com o tempo presente.
Siga a leitura para entender mais e saber como contornar essa situação.

Em descompasso com o tempo presente.
Tente lembrar de alguma experiência em que você não sentiu a hora passar, pois estava imerso naqueles instantes. Aposto que era uma atividade bem interessante ou legal, e aposto que em nenhum desses momentos você esteve ansioso. Isso porque você provavelmente estava em sincronicidade com o tempo, aproveitando o que surgia na medida em que aparecia. Já a experiência da ansiedade mexe com a sensação de passagem de tempo. Nesse caso, parece que nunca chega um tal momento. Se pudéssemos, faríamos com que o tempo corresse mais depressa, como modo a ter certezas e segurança.
Em ansiedade, fica-se inquieto com a demora do futuro, ao mesmo tempo em que se torna refém dele.
Sartre, um filósofo francês, entendia a ansiedade como uma manifestação da nossa “má-fé” em resposta à nossa angústia constitutiva. Isto é, no fundo percebemos que o futuro é incerto e indeterminado, e somos obrigados a não só escolher cada passo dado, como temos que nos responsabilizar por tais escolhas.
Me diga se isso não te causa uma angústia e ansiedade do futuro? Como vamos saber se fizemos a melhor escolha? Nem sempre dá para saber, ao não ser enquanto estivermos vivendo a nossa vida, no momento presente, e nos darmos conta de que a escolha foi bem feita.
Essa é a grande dificuldade do ansioso, e quando mais difícil lidar com a própria liberdade de escolha, mais forte será a tentativa de fugir dela. É assim que se manifesta sintomas patológicos da ansiedade que tanto limitam a vida.
Conviver com a ansiedade
A ansiedade NÃO é uma vilã, apesar de todo o desconforto que traz. Para Rollo May, a ansiedade normal faz parte da nossa vida por meio de expectativas de um futuro ainda por acontecer. Ela pode ser entendida como abertura às possibilidades e à criatividade em contornar as adversidades da vida. Mas esse modo criativo e aberto vem sendo suprimido cada vez mais no nosso momento histórico, pois não se valoriza o processo da busca, mas a concretude de uma realização.
Há uma pressão em fazer acontecer mais, em consumir mais, que nos empurra constantemente a um futuro, sem que se processe direito o que se passou ou se apreenda os sentidos do presente. Tenta-se de modo frustrado, sincronizar o tempo vivido com o tempo super acelerado do mundo.
Não lutar contra a ansiedade, mas entender que não precisamos correr atrás de um tempo, é um meio saudável e criativo de conviver com ela. Algumas atividades que nos coloque no aqui e agora podem facilitar esse contato.
Agora deixo para você esse desafio: Tente resgatar algo do passado ou criar alguma atividade que te faça ficar no tempo presente.