Ansiedade por consumir: quando querer ter se torna sofrimento
- Laura Helena Martins
- 2 de set.
- 2 min de leitura
O peso de querer sempre mais
Muitas pessoas hoje sentem uma pressão constante para adquirir, consumir e exibir. Compras, aplicativos, redes sociais e influenciadores digitais moldam desejos, oferecendo a sensação de que a felicidade ou o bem-estar depende do que se tem ou do que se mostra. Quando esse comportamento se torna um escape para ansiedade, solidão ou frustração, surge a chamada ansiedade por consumir.
Na perspectiva da fenomenologia existencial, essa busca incessante pelo “ter” nos afasta do “ser” — da autenticidade e do contato genuíno com nossa experiência.
Ansiedade por consumir: o que estudos mostram
Pesquisas recentes sobre comportamento digital e marketing de influência mostram que:
Usuários recorrem à internet para distração, prazer ou suporte emocional.
Influenciadores digitais podem estimular padrões de consumo, reforçando comparações e insatisfação (Scielo, 2022).
A economia da atenção transforma o foco em mercadoria, fazendo com que cada clique e cada like funcione como estímulo para manter a atenção e o consumo ativos (Scielo, 2021).
Esses fatores criam um ciclo em que o prazer do consumo é imediato, mas temporário, reforçando a sensação de insatisfação e ansiedade.
Fenomenologia existencial: do “ter” ao “ser”
Heidegger e a filosofia existencial nos lembram que o ser humano se realiza na experiência autêntica, não na acumulação de bens. A ansiedade por consumir é um reflexo do deslocamento do “ser” para o “ter”: buscamos preencher vazios internos com objetos, experiências e validação externa.

Ansiedade por consumir e o filme Delírios de Consumo de Becky Bloom
O filme Delírios de Consumo de Becky Bloom é um exemplo popular de como a ansiedade por consumir se manifesta de forma cotidiana e até divertida na tela. Becky, a personagem principal, recorre às compras como forma de lidar com emoções, estresse e a busca por aprovação social.
Essa narrativa reflete aspectos importantes da ansiedade por consumir:
O consumo como escape emocional: Becky compra para se sentir melhor temporariamente, um padrão que muitas pessoas reconhecem na vida real.
Pressão social e comparação: a personagem deseja se encaixar em padrões de sucesso, beleza e estilo, muito influenciada pelo olhar e expectativas dos outros.
Consequências reais: endividamento, culpa e sentimentos de vazio surgem como efeito do consumo impulsivo.
Enquanto Becky busca preencher um vazio com o “ter”, o verdadeiro sentido do “ser” permanece negligenciado. O filme, portanto, funciona como um espelho da sociedade contemporânea, mostrando como o consumo pode gerar prazer imediato, mas também ansiedade e sensação de insatisfação.
Você já sentiu que suas compras ou hábitos digitais funcionam como um “escape emocional”?
O que seria diferente se você buscasse satisfação mais no “ser” do que no “ter”?
A ansiedade por consumir pode ser uma experiência exaustiva, mas também é um convite à reflexão sobre o que realmente importa. O “ter” nunca substituirá o “ser”.Se você sente que o consumo, a internet ou os aplicativos têm controlado sua vida, a psicoterapia online é um espaço de acolhimento para compreender esses padrões e resgatar sua autenticidade. Agende uma sessão e descubra como viver de forma mais consciente e alinhada com seus valores.