Medo de errar: quando vivemos para agradar os outros
- Laura Helena Martins
- 18 de jun.
- 3 min de leitura
Atualizado: 31 de jul.
Estar preso às expectativas dos outros: quando o medo de errar nos paralisa
Você sente que está sempre tentando atender ao que os outros esperam de você? Que precisa acertar o tempo todo, mesmo quando isso vai contra o que você realmente quer? Essa sensação de estar preso às expectativas dos outros pode criar um medo profundo de errar — como se qualquer passo fora do esperado pudesse decepcionar alguém ou invalidar quem você é.
Esse medo pode ser um reflexo de uma vida vivida em função do olhar alheio. E isso tem um custo: ansiedade, autocrítica constante, dificuldade de fazer escolhas com autonomia.
Neste texto, vamos refletir sobre como isso acontece, com base na filosofia de Jean-Paul Sartre, e como a psicoterapia pode te ajudar a se reconectar com suas próprias escolhas, desejos e identidade.
Medo de errar e expectativa dos outros: de onde vem essa cobrança?
Desde cedo, somos ensinados a agradar, corresponder, não decepcionar. Quando crescemos, essa lógica muitas vezes continua, mesmo que o preço seja alto: começamos a viver segundo um roteiro que não escrevemos.
Alguns sinais de que isso pode estar acontecendo:
Você evita tomar decisões por medo do que os outros vão pensar;
Sente culpa quando escolhe algo que vai contra as expectativas alheias;
Fica paralisado diante da possibilidade de errar;
Se sente constantemente observado ou julgado, mesmo quando ninguém diz nada.
Essa prisão é sutil — e muitas vezes, você nem percebe que está vivendo para os outros até o dia em que não aguenta mais.

Sartre e o olhar do outro: quando deixamos de ser autores da própria vida
Jean-Paul Sartre, filósofo francês do século XX, dizia que “o inferno são os outros” — uma frase provocadora, mas que nos convida a refletir sobre como o olhar do outro pode se tornar uma prisão.
Para Sartre, quando vivemos sob o julgamento constante dos outros, corremos o risco de perder a autenticidade. Começamos a agir não como quem somos, mas como nos imaginamos vistos. Esse modo de viver gera angústia e nos afasta da liberdade de errar, escolher, mudar.
Segundo ele, a responsabilidade de existir é nossa — e isso pode ser assustador. Mas também pode ser libertador. Romper com as expectativas externas é um ato de coragem e de reencontro consigo mesmo.
E se você pudesse começar a escolher por você?
Algumas perguntas que podem te ajudar a refletir:
As decisões que tomei até hoje foram realmente minhas?
O que eu deixei de viver por medo de decepcionar alguém?
Quem eu seria se não estivesse tão preocupado com o julgamento dos outros?
Talvez o medo de errar não venha da dúvida sobre o que você quer — mas da ideia de que errar diante dos outros é imperdoável. A boa notícia é que esse medo pode ser entendido, cuidado e transformado.
Psicoterapia: um espaço para descobrir quem você é, além das expectativas
Na psicoterapia, você não precisa corresponder a ninguém. É um espaço livre de julgamento, onde você pode falar sobre seus medos, desejos e conflitos — mesmo aqueles que você nunca teve coragem de admitir.
Com o tempo, a terapia pode te ajudar a:
Identificar as expectativas que foram impostas a você;
Distinguir o que vem de fora e o que é verdadeiramente seu;
Reduzir o medo de errar e da reprovação;
Se reconectar com sua liberdade de existir de forma mais autêntica.
Você não precisa mais se esconder atrás do que esperam de você
Errar é humano. Escolher diferente, também. E viver sob o olhar dos outros pode fazer com que você esqueça que tem uma vida própria — com ritmo, desejos e verdades que são só suas.
A psicoterapia pode ser o começo de um caminho de reconexão. Um espaço para existir como você é, e não apenas como esperam que você seja.